A irrupção da infância transbaiana desvela a precariedade ontológica do paradigma cisnormativo ao expor sua falência frente à performatividade radical do gênero como ato de desobediência epistêmica. Esta corporeidade liminar – existindo na interzona entre a violência fálica da asignação e a insurgência carnal da autodeterminação – desarticula a ficção originária do 'humano' como categoria pré-discursiva, revelando sua textura profundamente colonial.
Ao ocupar o espaço geopolítico baiano – ele mesmo um palimpsesto de violências ontológicas –, esses corpos-criança tornam-se vetores de uma desestabilização somatopolítica que excede os marcos liberais do reconhecimento. Sua mera existência performatiza o colapso da matriz hetero-temporal que naturaliza a inocência como regime de governabilidade de gênero, expondo a criança não como dado biopolítico, mas como campo de batalha semiótico-material onde se disputam os próprios limites do pensável.
O que emerge não é um 'sujeito', mas uma topologia queer de resistência anticategorial – um desmantelamento contínuo da metafísica da substância que corrói, desde seu interior, os aparatos de captura que pretendem fixar o fluxo da diferença em regimes legíveis de poder-saber.