No Velho Testamento isso fica claro na figura dupla de Josué. Você tem o Josué guerreiro, líder militar, o alfa, o bravo, e o Josué sacerdote, capaz de controlar a sociedade respeitando as leis da divindade.

Então temos o rei filósofo, moral por excelência, a cabeça, e o guerreiro, o alfa,o peito, o corajoso, ambos juntos segurando o chicote para disciplinar a gentalha, baixa, imoral, estúpida, feia. Consertar a sociedade e discipliná-la na base do chicote.

De qualquer forma, o importante é saber que o cristianismo é só uma adaptação dessa tradição.

É uma justificativa para as hierarquias sociais, as quais teriam sido organizadas pela própria divindade, a qual teria colocado cada coisa em seu lugar. Então cabia aos explorados respeitar seu lugar de explorados em troca da vida eterna.

Roma já tinha isso com Zeus Iu-Pater (Júpiter/Pai do Céu), o qual teria organizado a sociedade organicamente, criando as hierarquias sociais.

O rei-deus-Sol que trouxe a ordem e organizou o mundo, colocando a elite moralmente mais elevada no topo, como cabeça da cidade platônica, e os guerreiros os brabos,os alfas, como os defensores dessa hierarquia divinamente organizada.

Aos pobres, à patuleia incapaz do auto-controle, restava trabalhar, rezar e respeitar a hierarquia de Zeus/Deus. Em troca, receberia a vida eterna. E aguentar as chicotadas da elite, como o fez o próprio Jesus.

Lembrando que quem veio com a ideia do justo sofredor foi Platão. Ele quem diz sobre o justo que é chicoteado e crucificado. E o justo é aquele que obedece ao Sumo Bem, à lei divina.
Ou seja, se o próprio deus encarnado, Jesus-Sol, foi vilipendiado, apanhou, foi humilhado e permaneceu em silêncio, então o pobre e o escravo devem aceitar o mesmo destino e sofrer, aguentar o sofrimento, calados. Em troca da vida eterna.