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Uma coisa horrível que foi trazida pelo cristianismo, inspirado pelo zoroastrismo, é a ideia de que, nas guerras, existe um lado que encarna o Bem, os santos, a espada de Deus, e o outro lado que encarna o Mal, as forças demoníacas.
Narrativas pré-cristãs como a Ilíada, o Gita e Gilgamesh trazem narrativas de guerras. Mas não existe essa ideia de que um lado encarna o Bem e o outro encarna o Mal.
Essa narrativa de Bem contra o Mal permite que todas as atrocidades sejam cometidas para derrotar os demônios, pois tudo de justificaria em nome de Deus.
Há uma corrente representada por Abelard Reuchlin, Stephen Robert Kuta, Joseph Atwill, Henry H Davis e James Valliant segundo a qual os evangelhos sinóticos seriam uma sátira da guerra da elite romano-judaica contra os fariseus e os escribas, os judeus pobres.
Nessa narrativa, os fariseus, a classe popular judaica, seriam os "filhos do Demônio" e por isso precisariam ser exterminados pelos "santos" (como eram chamados os soldados romanos). Jesus seria um bardo romano-judaico vindo anunciar o julgamento e extermínio dos judeus populares revoltosos, os fariseus e escribas.
Se isso for verdade, essa narrativa herança do zoroastrismo de luta do Bem contra o Mal se torna mais terrível, pois os demônios não seriam apenas os inimigos dos cristãos, mas seriam os inimigos das elites cristãs.