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Acordou alta madrugada com o ruído que faziam aqueles homens, arrastando bruacas. As esporas riscavam o chão. Ainda estava escuro e os tropeiros já reuniam os animais. As mulas chegavam ariscas, batendo os cascos, enquanto os capatazes, a cavalo, galopavam de uma banda para outra. Os tropeiros eram uns homens geralmente altos, magros e bronzeados; vestiam calça larga, botas de couro, chapéu de aba larga, lenço róseo ou azul claro no pescoço e, por cima da véstia, traziam o poncho.
Enquanto uns se preparavam para a partida, outros iam para a venda do Bernardo, que ficava na esquina da igreja, tomar um gole de pinga e abastecer-se de fumo. O dono era um velho de Itu que conhecida toda gente. Quando Julio Frank transpôs a porta, ele disse:

-Esse é que é o Lamão.
-Vancê me conhece?
-Não. Nunca tinha visto, mas já me falaram de um lamão letrado, amigo dos Oliveira…Eu assim que oiei atinei logo.
-Pois é.
-Veio de Ipanema?
-Cheguei ontem, à noitinha.
-Não se deu bem com aquilo?
-Malemá.

Seguiu a pé para a vila. Eram três léguas de campos, onde rareavam as árvores, encontrando de longe a longe um capão batido pelo sol. O caminho dava infinitas voltas pelas colinas, parecendo ter pena de chegar. Horas depois, começaram a aparecer as roças; ao contornar um daqueles morros, apareceu uma cruz no horizonte, era Sorocaba.

Imagem: iconografia de Sorocaba, Debret, 1830