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A atuação das tropas de muares ficou mais evidente no Vale do Paraíba e sul de Minas. Tom Maia e Thereza Regina de Camargo Maia, analisaram minuciosamente a cultura tropeira nessas regiões: cada muar carregava em torno de 120 quilos. A tropa contava com três homens em cada lote, com funções específicas: madrinheiro, geralmente um menino de 8 a 15 anos de idade, montado em uma égua, alternando a função de guia e cozinheiro; tocador, o madrinheiro que se especializou e era o responsável pela condução; arreador, era o chefe ou o dono da tropa, montado em uma mula bem arreada. Pronta uma tropa era hora de seguir viagem que durava meses. Partindo antes do amanhecer, percorria em torno de três léguas por dia. Conforme a análise de Tom e Thereza, “indo à frente, montado na égua, o menino madrinheiro. Mais atrás, batendo o peitoral de cincerros, a besta dianteira. Depois, as bestas de carga, indo por último a culatreira levando os utensílios de cozinha. Um pouco distante, na besta melhor arreada, e exibindo suas botinas ferradas, cavalgava o arreador.” Percorrendo caminhos montanhosos, os acidentes eram inevitáveis, queda de desfiladeiro, mordida de cobra, etc. Também na travessia de rios, tanto animais quanto homens morriam afogados. De acordo com Gleise Ferreira Sobreiro de Oliveira, “o tropeiro era sempre bem recebido nas casas senhoriais, sendo-lhes conferidas as mais importantes missões pela confiança que inspirava onde quer que passasse. O seu prestígio econômico e social acabava por lhes abrir as portas da política”. A estadia dos tropeiros era precária, parando em ranchos à margem das estradas e próximos a um curso de água, o tropeiro armava a trempe, acendia o fogo e cozinhava a sua comida. Após a refeição, os integrantes dispunham de tempo para o lazer, entre conversas, jogo de baralho e melodias de viola caipira que sempre viajava junta. Por onde passasse as tropas, os ranchos se multiplicavam.